quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Furto Solstícial

As pessoas insistem na demência
esforçando-se pelo árduo ofício
de nos roubar o nosso maior solstício,
pondo em xeque a virtual adolescência.

Estou numa pausa de embriagada agressão
em que os sentidos anestesiam-se em confrontos;
mas os tatos são virgens em desencontros,
já que jamais se cotejarão só pela depressão.

Não estou por lado nenhum; deveras não estou
na terra mergulhando ou pelo mar passeando.
Percepciono só o interior adentro meu, errando
como um leal pintor cuja viva arte o atraiçoou.

O longe mundo desprovido está de sentido
e os sentidos longe vão de desprovido mundo.
A minha arte, a que construo e fecundo
pouco mais é que mundo vil e pervertido.

«jd»

2 comentários:

  1. Este poema está com uma rima super confusa. É um pouco ingrato tentar abba porque é muito pouco melódico.

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  2. Não é fácil fazer rimas diferentes. Tentei fugir à emparelhada e à cruzada, porque estou sempre a recorrer-lhes. Além disso, acabo por associá-las sempre a uma janela romântica e, visto que não era uma perspectiva colorida que pretendia impor ao poema, acabei por escrever uma composição amarga e sombria; como tal, penso que a melodia pouco importa nestas quatro quadras. A interpolada é muito difícil e quase nunca se deixa fazer - duvido que a volte a usar. Mas, de qualquer modo, achei a sua apreciação muito crítica e valerosa. Obrigado. :)

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