quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Lídia

Amar-te, Lídia, é ter saudades
num tempo inteiro,
é sentir a distância
num seco metro certeiro.
É viver conformado
com as incongruências.
É ser-te amado
nas experiências.

Amar, sem te decifrar,
é o caminho fácil
quando somente jogo
num ameno antecipar.

Vamos ser todos e tudo
o que nos prometemos ser.
A vida sonhou-nos Lídia,
na posse brutal do poder.

As coisas corretas não resultam
porque decorrem num tempo
errado de pervesão.
Esperemos pela altura
que o sonho assuma
uma fresca premonição.

E agora que em ti tropecei,
aufiro que o meu
coração é afortunado,
pois nunca antes
(ou jamais serei)
almaneira tão amado.

A forma mais sublime
de calar uma alma
é beijando-a
sem recorrer à voz.
Oscula-me a alma:
e que a eternidade
tome conta de nós.

«jd»

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Salmo Simples

Jamais teremos um amor
eximiamente composto,
quando somente é desenhado
numa única amena voz.
Para preconizar esse suposto
teremos de o escrever: eu tu nós.

Dizem que as estrelas
fixam o amor pelo nosso olhar,
mas o apaixonado só as aprecia,
quando pretende outros olhos embalar.

Se uma alma gémea me existir
que exista achegada a mim,
pois uma paixoneta exige mais
que uma relação assim-assim.

«jd»

sábado, 9 de novembro de 2013

Não Tens A Noite Em Ti

Quando te conheci,
éramos jovens demais
para nos sermos.
E sermos tão jovens
altera as todas as condições,
responsabilidades e termos.

Quando te conheci,
não me conhecias mulher.
Não me reconhecias
sendo-te risonho sequer.

Se queres a madrugada
não te madrugues em ti,
porque quem não dorme,
nunca tem a noite em si.

Se descansas em paz,
sobre guerra descansas.

«jd»

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Há Quanto Tempo?

Há quanto tempo não beijas
debaixo de fogo cruzado?
Há quanto tempo te fechas
enquanto a vida te passa ao lado?

Diz-me há quanto tempo abdicas
do que é teu e só teu por direito torto.
Se por aqui desertas e não te ficas
tanto me faz perecer vivo ou parecer morto.

Há quanto tempo não me abraças
debaixo de água, debaixo de oxigénio?
Tão sobejas são as vezes em que amassas
o meu coração neste segundo milénio.

Há quanto tempo a saudade
te deixa paciente, mas frustrada?
Distância é um crime de tão soberba vaidade,
que pouco se importa se foste morta ou matada.

Estamos há quanto tempo a conjeturar,
a fazer esboços de erros de projeção?
A aventura só será próspera e para durar
se henquerermos as emoções invés da razão.

«jd»