domingo, 14 de outubro de 2012

Chuveiro

Descobri que gosto de me sentar na banheira.
Acato com o som húmido e quente do chuveiro,
enquanto meço e penso nos meus vícios e sonhos,
nos trilhos de trânsitos e paradoxos tons medonhos.
Água lusa, molhada, calorosa e boa intrusa:
como gosto não ter sequer de te ouvir!
Quantos têm o dom de ser conselheiros e mudos como tu?
Extânsias-me com esse teu galantear,
com os teus dois átomos de hidrogénio
e o de oxigénio sempre sempre como teu par.
És o orgasmo e a corrente de adrenalina de que preciso,
és o gritar genital no momento mais conciso.
És o relaxar da minha introspeção,
és o abrandar de um coração.
És o repentino atenuar dos músculos,
és a mulher sem seios maiúsculos.
E só cais em cima de mim.
Nem precisas de mais para que te ame.
Cai, precipita-te, vasculha-me por favor!
Reina, dedica-te a subornar a minha paz.
Não me ames meu amor, seduz-me só
como empreendia um formoso faraó.

«jd»

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