segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Conjunção

Não há nada que me possas oferecer de ensinar. Sou autodidata.
Viajo à toa sem passaporte, pelos maiores céus, munido à astronauta.
E nos teus cumes e luas marco o encontro, no teu peito assinalo um risco subtraído num ponto. Nas tuas pupilas vejo-me perdido e na tua língua procuro um sentido. Há centenas de esquerdas onde abandono um indicador na mesa, contrapondo com a placidez da minha incerteza. Durmo à noite e na noite durmo, mas vou demais depressa e na pressa procuro sinais. De ti. Sinais de que te vivi.
Eu sei quem sou, sei que te sou porque te sou, sei porque sempre te fui e sei sempre te sou. E sei que sempre te serei, sei num futuro perfeito, sei no imperfeito e/ou sei no mais-que-perfeito. Sei que conjuntivo te serei amanhã ao deitar-te, serei-te ontem ao acordar-te, serei-te para a vida enquanto corrermos, serei-te por hoje enquanto nos vemos. Serei o teu ciclo interminável e o teu infinitivo de amar, serei duas faíscas de ar pulverizado pelo revólver desmaterializado a chorar. Serei no modo super mais que imperativo, o rasgo de espada encaixada numa pedra que só te pertence e serei, simultaneamente, o teu tal guerreiro que a arranca de lá.
Somos uma conjunção, uma conjuntura de união. Somos juntos o que muitos procuram. Somos o cansaço dos amores perdidos e dos solteiros apaixonados. Uns forçamente se agarram, outros pedem para serem agarrados. Mas nós não. Tu e eu. Eu, sem gesto de covardia, olharei com a alma e a mente, vislumbrarei cuidadosamente o sol. De frente o sol. E congratularei-me por te olhar, desse abalroado modo, sem me queimar.
De e só por te idolatrar.

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