terça-feira, 12 de junho de 2012

Atrito

Ainda bem.
As pessoas continuam a ser límpidas como a natureza,
a confrontar erros com elevada transparência e beleza.
Nem tudo mau é nas gentes que nos acolhem,
nem a forma nem no cuidado com que irrompem.
A incoerência e o arquétipo do modo como surgem na nossa vida,
só preenche mais vagas e vagões na falta de velocidade desta nossa corrida.
O seu iman só atrai mais o nosso vetusto metal,
a sua saudade mata-nos esta indizível fome animal.
A sua esperança faz arder em delícia a nossa retina,
fazendo bombear engenhos explosivos à porta da mina.
Esse engenho é a arte que não nos bate, mata,
não nos acalma, só nos extansia a nossa lagoa, castata
de revoluções emocionantes que só inflacionam o paupérrimo coração
de um jovem incendiário que no amor já só se revê em morta fricção.
Coitado, coitadinho deste miserável sortudo em busca de terreno prazer,
há espera de uma gigante pessoa que lhe faça o seu oscilante chão tremer.
O piano continua a ter as mesmas batidas e cordas de sopro trivial
que a doce e anã flor ruiva adora ouvir como no seu primeiro dia digital.
E a minha pateta e translucida paixão por esse rebento vegetal é em tal grau,
que não há prescrito céu cinzento que aguente minha fortuna durante o sarau.

«jd»

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