domingo, 17 de junho de 2012

Primeiro Ensaio sobre a Condição

As pessoas vêm de pessoas, os humanos também vêm de humanos? Ou os humanos tornam-se desumanos por serem maus humanos que advêm de humanos maus? Acho que há muitas questões das quais o humano, ou até mesmo a pessoa, evita perguntar-se. A herança genética faz maus humanos ou boas pessoas? Ou é o meio no qual se vive que determina a nossa qualidade como humano e a nossa quantidade enquanto pessoa? Eu enquanto pessoa procuro encostar-me aos bons humanos, para que me possa tornar um pouco mais vivo e parcialmente parecido com eles, porque todos temos mais de pessoa, de gente, que de bom humano. E ninguém se pode achar mais humano que outro alguém, mas todos podemos encarar quem é mais má pessoa. É um conflito natural de qualquer ser racional comparar sem parar. Porque pessoas há muitas, e "no meio de tanta gente, é difícil encontrar humanos". É, é assim é. Ser um ser humano é ser praticamente perfeito dentro de todo o paradoxo de imperfeição. E já que nem Deus é perfeito, porque todo o cristão sabe que até ele, superior ser imaterial, omnisciênte e omnipresente, precisou de 7 dias, ou seja 168 horas, 10080 minutos ou 604800 segundos, para poder criar algo do nada, como posso eu ser perfeito? Tento eu criar ideias do nada, do vazio, mas nenhum raciocínio lógico explica a origem do meu pensamento e do meu conhecimento. Nenhum conhecimento nasce do nada, então como posso eu ser superior ao Deus natural? Não, eu sou uma pessoa que procura deixar de ser gente para poder encontrar-me como ser humano, porque embora procure ser perfeito, sei que nunca hei-de ser vivo para me auto-confrontar e atingir esse meu objectivo. Ninguém é, ninguém consegue. Embora o meu pensamento seja emparelhado, desorganizado e pouco metódico, as dúvidas não me deixam de surgir e continua a não haver vivalma que mas exclareça.
Confesso que receio no meu maior intímo ter o destino traçado pelo poder do código genético, luto como um leão para todos os dias tirar tudo de bom do que todas as mais belas pessoas que me rodeiam têm. Mas quem me diz que o que eu acho que é bom e moral, não é na verdade pouco ético e errado? Vivo numa sociedade ocidental, e os ocidentais dizem-se dignos e corretos, mas só porque não matam e assassinam como os orientais e os islâmicos, quer dizer que são melhores? Qual é a sociedade suprema em termos éticos? A minha? Não, não é com certeza. Enquanto puserem pessoas a governar e deixarem os humanos sem poder de decisão, vai sempre reinar o capitalismo, a corrupção, a injustiça social; e todos os nobres, justos e verdadeiros defensores socialistas nunca irão ter uma voz. O povo dá a voz ao povo, e se todos somos povos (diferentes a nível cultural ou não, na minha perspéctiva não interessa para o caso), tá na hora da minoria parte do povo que governa os Estados ceder o seu lugar e oferecer uma voz ao povo que nunca lá esteve, e que decerto terá mais perícia. Já vimos liberais lutar por causas, e a seu tempo foram bem sucedidos. Esta é a hora daqueles que lutam por um lugar como humanos neste universo do Terrestre - do Ser Humano - de fazerem algo genuínamente humano e lutarem pela vida das outras pessoas, que igualmente lutam por sobreviver. A sobrevivência é algo muito animal, mas não será humano também?
Vamos todos ser boas pessoas e procurar a humanidade dentro de nós, porque ela está escondida à espera de salvação. A salvação somos nós mesmos. A nossa salvação é a salvação das pessoas que desesperam à procura de serem humanos, temos de as ajudar. E como? Vamos praticar ações morais, boas ações de acordo com a nossa própria lei moral, o nosso próprio imperativo categórico. Vamos realizar uma ação tão boa, tão pura, tão humana e tão honesta que queiramos que toda a gente adopte o mesmo tipo de ação. Desse ligeiro modo, todas as pessoas que nos rodeiam vão procurar ser humanas, agindo de acordo connosco, procurando reproduzir-nos. E nós faremos o mesmo. E toda a gente fará o mesmo, será todo um planeta a lutar pela mesma causa. Assim, todos seremos melhores pessoas, as nossas qualidades racionais e humanas vão fazer-se sobressair e já ninguém passará os dias com questões sobre o poder do ADN ou a legitimidade do poder do Estado; já que o meio, que sempre teve boas ou más influências sobre nós, hoje terá motivos para ser aplaudido, porque é límpido, transparente e bem feito. E ao tornarmo-nos humanos e vivendo nesse bom meio de se viver, também os nossos filhos nasceram humanos e serão humanos feitos e a fazer-se aos poucos, quer por vontade dos pais, quer por exigência do meio/sociedade, quer essencialmente por vontade própria e por amor ao dever. Depende de nós mudar, porque pedir esperança e ter fé nunca mudou nada na velha e usada condição humana, e o futuro necessita de mudanças na articulação de novas ideias e novas mentalidades.
Isto não é poesia, isto é o abandono temporário do pseudo-poeta e a encarnação do pseudo-pensador contemporâneo. Não passa de um comprido desabafo pessoal, podem entender ser uma doce perspética da evolução impossível da humanidade, mas é o pensamento de um jovem adolescente que insiste em querer ser revolucionário e que, dentro do seu próprio modo de ser, consegue.
Nem que seja só para si.

«jd»

4 comentários:

  1. O que de mais glorioso, grandioso fiz na vida, és TU, são os meus filhos!
    Não tenho o teu maravilhoso dom da escrita, não encontro palavras sábias para me exprimir...
    Amo-te!

    ResponderEliminar
  2. Fosse haver algo mais profundo que um sincero amo-te! Isso é a melhor receção que podia haver deste lado, não há nada de melhor para um ser humano que saber o reconhecimento materno acima de todo o reconhecimento poético e público! Escrevia só por saber que lês, limitava a escrita a ti se soubesse que eras a única que a considera. Por isso, tu sim, és o que de mais "gloriosa" que eu tenho.

    ResponderEliminar
  3. aulas de filosofia, sempre a ajudar na inspiração de grandes escritores.
    ines duarte :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Se reparares na data em que o escrevi, foi nas vésperas do exame. Foquei-me de tal modo no estudo que acabei por ter pensamentos que andava a evitar ter até aqui. Depois o resto já sabes. Explosão de palavras, com e sem sentido. Provavelmente hoje escreveria de outra maneira, mas enfim. É uma obra prima, minha, e não penso mudá-la. Obrigado pelo elogio. :)

      Eliminar