sábado, 10 de novembro de 2012

Empreender

"Mas povo dorme na ilusão
e a tristeza é forma de sinal
Liberdade pode ser prisão.
Meu deus, livra-nos do mal
E acorda Portugal..."

Convém trocar o difícil pelo politicamente correto, porque o politicamente correto é fácil, é comum, é vulgar. Qualquer um o faz, até o primeiro-ministro. Invulgar é tê-los no sitio para condenar os atos fáceis e os desafios alcançáveis. Há que ultrapassar o apenas alcançável, há que superar a linha que nos acorrenta à modéstia. Há que exceder a capacidade de interiorização e partilhar o que de melhor somos capazes de empreender com toda a arrogância que o padrão da nossa cultura nos consente.
As missões não são impossíveis, são só passiveis de dificuldade. E a facilidade é fugir a essa dificuldade, temê-la. Fugir do caminho fácil, do caminho mais tentador, é a missão de uma vida. É uma missão contínua, perpétua. É a missão de um homem, de uma grande mulher. É de uma não-criança. É de alguém que se julga adulto, bravo e responsável. E quem foge não é pai de ninguém, não é amigo nem é meu conhecido. É apenas um podre e pobre penoso coitado que vive atormentado e acomodado pela rapidez e singeleza de respirar. Mas cuidado, um dia nem respirar te vai ser fácil. E é dessa facilidade que te quero ver esgueirar.
Diz-me o que o queres, tudo o que preferes. Preferes viajar pelo rudimento a vida toda? Expectativas, sonhos, não tens? São premissas não realizáveis? Acorda para o mundo, para o país, para as nações que já não mais atura a tuas cartadas de complicações. Preciso de ti desnudo e ativo.

«jd»

Verso de Tiago Bettencourt, Eu Esperei.

Sem comentários:

Enviar um comentário