E o que é o meu tudo? Caríssimo, o que é tudo para ti, é pouco para mim. E o pouco para mim é dinheiro. Dinheiro que para ti é tudo. Não que o dinheiro seja pouco, até sou rico e tenho um bocadinho de pena de o ter demais. Oh, mas é sempre pouco, é sempre nada. Tudo para mim é não ter dinheiro.
E o que é não ter dinheiro? Bom, não ter esse vírus é como não ter uma gripe. Repara, quando estamos de gripe, com o cabrão do nariz a pingar, engasgados e enjaulados na cama, temos sempre uma mãe, uma avó ou uma tia (ranhosa) que nos cuida. Temos um telemóvel que nos liga a quem nos liga. Que nos alerta para quem está com o alerta inclinado para nós. A gripe invoca-nos todos os amigalhões que durante a semana se riram da oleosidade do nosso cabelo, das lacunas das nossas piadas, dos nossos erros e dos nossos espalhanços no chão. Divertem-se com esse mero lazer de nos proporcionar esses momentos irresistíveis e únicos.
O dinheiro é o outro vírus que também atiça esses manhosos na nossa direção e que nos entorna, embora torpemente, no isco deles. Por isso, não ter dinheiro é estar desprovido de responsabilidades. Não ter dinheiro é não ter de alimentar esses espertalhões pseudo-cúbicos que vivem de nós, do rendimento que se lhes damos. Desprover de dinheiro é ser feliz e descomprometido. Não ter dinheiro é o lado certo da ravina, é a bênção de faltar algo e nem sequer nos ralarmos com isso.
É essa a razão de eu querer ir às estrelas. Quero ir lá, montado na minha utopia, para roubar o dinheiro que elas não têm e para levar emprestado a felicidade jovial que isso me provocaria. E diz lá amigalhaço, não descrevi um cenário divinal?
«jd»
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