E o amor, disfarçado em termómetro, cavalga e ludibria por dentro da estrada que nos separa. Amor, beija o lunático que te sou. Abraça-me num gesto de poupança. Encosta-te a mim e chora como chora toda a criança. Ri de saudade perante o abismo, ri da saudade que é filha do eufemismo.
Sinto as nuvens acima da escadaria e a mancha de alegria corrimão abaixo da pradaria. Um protótipo de alegria mórbida de tão pobre que é. Um protótipo. Vejo tudo de novo: vezes e vezes e vezes, até decorar os traços de pele que me arde pela malária.
É um vírus pobre porque se alimenta de quem pobre é. Nada tenho para te oferecer. O que rasgas, o que fazes por vanescer, é o pouco do homem que já de si é tão morto. Esta dor louca de músculo - se for de músculo, que seja somente do coração - deixa-me tão exausto e tão perdidamente vivo que, de tão vivo de dor eu estou, só anseio pela pausa intemporal. Por outro lado, a dor de cabeça converte-se em distúrbios na visão - oxalá eu as tivesse tido quando te vi pela primeira vez - e numa vertigem linda e popular que só vontade dá de parecer, num momento de saudade no cimo de uma ponte romana.
Se a morte me for convocada, há-de-me valer o combate e a pena, porque a mágoa de não te ter é algo que não me serena.
«jd»
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