segunda-feira, 20 de maio de 2013

Eu Tão Delido

Galguei o cruzamento da mágoa
sem nunca, sem olhar para trás.
Transporei o beco do luto,
e de longe, Amor, de longe me acenarás.

A cidade lúrida e animal,
chora caída pela noite adentro.
Ferve, serve lúcida e consciente,
refazendo coração meu que esventro.

Ás vezes as ruas permitem-se a cair,
até os lampiões, as papoilas e os passeios.
Vida citadina é como vida de enamorado:
cartas de amor; paixão nos correios.

A rotunda - losanja como sempre -
vê-me passar ao sabor do meu labor.
Tanto trabalho para uma cidade tão só e vã,
e eu estranho, boémio e delido em amor.

Embarco no lar já no declínio do dia
e reparo que vendi as nossas fotografias.
No núcleo do tabaco, inundo-me em pensamentos:
"o haverá da vida sem estas fracas e vis filosofias?"

Insisto na doutrina de deixar os dias cavalgar
sem-lhes interferir tão pouco que chegue.
Quando o teu sol se põe para lá da serra,
a noite entra sem pedir, como quem me persegue.

«jd»

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