segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Pragmática de Infância

Eu sou poeta e pinto esta épica prosa
quando o Sol me clareia e engrossa o papiro.
Por entre esta tamanha, dolorosa
e solitária carnificina em que transpiro,
haverá uma motivação perdida e mentirosa
promovedora de resignação, de um suspiro?
Não. Isso são só desculpas de mau perdedor
que se vitimiza perante o rival após tanta dor.

O animal já descansa de dia
para pernoitar crepúsculo adentro.
Havia quem por isto saber, lá resistia;
mas entre o "não fico o jamais entro",
já não sabia concretamente o que lá fazia,
se era centro do mundo ou o mundo ao centro.
Por isso esquivei-me com um rasto desastroso,
por ter esta vil habilidade para ser monstruoso.

Esse estado de embriaguez - que eu te relato
- nada teve haver com a minha ânsia
de ficar solteiro ao vital desbarato.
É apenas uma pragmática de infância,
qualquer coisa tenuíssima como um rato
(perdido na bagunça duma boémia estância)
que te juro insistir para que aconteça;
a bem ou a mal, que eu não te mereça.

«jd»

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