quarta-feira, 4 de abril de 2012

Alçapão Teatral

Senti um tênue e ligeiro desprender,
uma súbita leveza gramou uma pena.
Vi minha traumática vivalma renascer,
o diabo despede-se e de longe acena.

Estava detido em quarto fechado,
inconsciente e apáticamente curvado.
Abriste a porta e sem permissão um feixe de luz entrou.
Levantei-me e procurei-o com a palma da mão,
mal houve contacto, uma angústia sobre maldição cerrou.

Um qualquer feitiço fraturado rugiu
para longe do meu requebrado alcatrão.
A perdição evaporou e pausadamente subiu,
enquanto o ponteiro das horas se inclinou e caiu num alçapão.

Meses e meses. Longos meses de alucinações.
resolvidos com simples minutos de conversações.

O tempo parou. A atmosfera suspendeu.
Todo o sigilo encanto queimou um quarto de pneu,
toda a minha inteira aura se descomprometeu,
como qualquer jovem que abandona o liceu.

Ensaiando um fim já de si tão perto e próximo,
revejo a preto e branco todas as singulares cenas memoráveis,
em cada um dos atos indevidamente organizados.
Num ensaio sobre a compaixão no seu máximo,
por toda a penúmbra da noite dou-me em guiões inolvidáveis,
de peles e escamas de agoiros mal consagrados.

JD

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