sexta-feira, 27 de abril de 2012

Avenida

Na jornada que tão singelamente se estreia,
busco-te abaixo duma pedra minéria de carvão
que estrepitosamente se me excede,
fazendo triagem de tudo o que de
relevante e irrelevante nesta aldeia se perde.


Dois sorrisos negros numa única alma clara e mútua
gosto de ti como novo Sol precisa da penumbra da velha Lua.
Do trigo vem o pão;
donde a tua brava e flava coragem
revela um pequeno coração de leão.


Aurícula e ventrículo meu que por ti
bate a cem mil quilómetros por hora,
esperando ver-te na prisão
do prescrito diário da nossa paixão,
todavia do apetecido lado de fora.


O sol nasceu, já ganhei o dia;
poder mirar-te a cinco metros de mim,
tão delicada, verde e esguia.
És bela, tão bela vela acesa, bela de tão tu,
tão mais como de teu cheiroso corpo delgado e nu.


És mulher de tão airosa faculdade possante,
não vendes a minha íntegra alma a ninguém,
isso seria com desvirtude singular e quiçá até pouco elegante,
para alguém que ocupa o mais belo palacete
da principal avenida de Santarém.


«jd»

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