sábado, 26 de maio de 2012

Dialetos da Ternura

Ela diz que me adora quando a noite vai a meio,
eu sinto-me melhor pessoa, menos fraco, feio.
Passa o dedo na rasta, com a mão bem suave,
encosta o lábio no ouvido e diz-me "Queres que a lave?".
Vamos para o chuveiro, ela flui e com a água,
lava-me a cabeça, a alma e qualquer resto de mágoa.
Diz como é o amor e dá um certo calor na barriga.
E consegue. Quero sempre, sempre ser
aquele nigga que lhe mete a rir.
quando eu lhe faço vir da terra
até à lua mano, é sempre a subir.
Somos grandes, gigantes, com dez metros de altura,
falamos vinte línguas, dialectos da ternura.
Água morna em pele quente, poro aberto não perfura.
Minha alma já está nua, faço-lhe uma jura.
Para sempre teu depois da noite volvida,
um segundo ao teu lado já preenche uma vida.
O conceito de tempo não entra na sensação,
aquilo que vivemos esta gravado no coração.
Segura na minha mão e continua a canção,
é a melhor que já ouvi, reinventas-te a paixão.
Ela diz que me adora quando o dia vai a meio,
o copo passa de meio vazio para meio cheio.
A palavra ganha vida e fala à minha frente,
sigo calmo atrás dela, deixo crescer a semente.


«Da Weasel»,
num ritual e tributo de saudade,
pela melhor amiga que me fez renascer sem idade.
Um grande abraço para a mulher que me ensinou
que a grande poesia é a que se respira sem se escrever,
e que a saga paradoxal que a vida se torna e é,
nos obriga a chutar as preocupações
com a força e estofo de um pontapé.
Para a Cátia, a Timon, a cupincha da bebedeira;
A cómica e crónica criança da asneira.
A amiga da minha vida.

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