segunda-feira, 28 de maio de 2012

Não é um Regime de Tropa

Sou humano de betão e desumano por dizer não.
Farejo entrigas como o vento nortenho,
viajo com o chão possuído, com o que não tenho.
Indago incontáveis vezes como o pobre animal,
procuro gasta vida numa terra além mágico portal.
Sou perfeito por estar em presente todo o lado,
sou suspeito por insistir em ser sempre delicado.
Humana condição que imanam os céus triunfais,
aguardando com desejo o ruir dos jovens mortais.
E eles que até nem me querem senão com pudor,
entre Júpiter e Saturno há imensas luas de autêntico valor.
Nem no espaço encontro senão um simples senão:
o de apenas te ver além do olho duma águia ou de um falcão.
Olho esse que nunca possuirei, e que por tarde tanto te pecarei,
por ser teu sem ser teu, por te ter valor sendo considerado teu judeu.
Reparo o irreparável sem a força da natureza,
julgando sem nunca julgar a disparidade da realeza.
Porque raínhas diferentes são a que comandam a vida de um súbdito
e entre a paixão e a razão há apenas lugar p'ra um coração restrito.
Sente-me na fuga, abraça-me no adeus.
Vou exilar-me aleatóriamente pela tua Europa
e, sem conflito de culpa, doar-me aos teus europeus.
Porque o amor não é um regime de tropa.

«jd»

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