terça-feira, 26 de março de 2013

Manifesto Sobre os Vermes

                 Vermes por todo o lado. Vermes sedentos de fome e repletos de nojo. De nojo, de repugna! Vermes sem história, sem vida. Vermes que se aproveitam de seres maiores. Parasitas numa pirâmide onde poucos ascendem o topo. E é desses seres de grande porte - que ascenderam o topo - que esses asnos, esses bichos sem nada, se aproveitam. Tiram vantagem da sua ingenuidade, dos seus sentimentos, do seu passado. Recolhem as lembranças, os precipícios e as falhas.
                 Sugam tudo até à exaustão. E das duas uma: ou os seres maiores se manifestam, contestando a desordem que esses roedores minúsculos lhes afligem; ou então deixam-se corromper, caem na amargura, na raiva e na sede vingança - tudo habilidades desses Drs. Eng. cabrões malditos. Mas eu sempre aconselhei a quem pertence ao topo que desse cume não deve abdicar. Se é, de facto, um animal de grande porte, não se deve submeter a ser um verme como outrem. Deve manter a postura contínua, a bravura de sempre. Não deve equiparar-se a esses minúsculos que só estão bem a lavrar boatos, a arar histórias e a cultivar balelas.
                 Eu descobri - em pouco às minhas custas - que na vida não há problema nenhum em nada, porque esses paneleiros, como vermes que são, como sanguessugas que são, como vampiros autênticos que são, não têm credibilidade absolutamente nenhuma. Perdem o prestígio ao tentar denegrir o prestígio dos outros. Se ousassem deixar de ser vermes aperceberiam-se da tristeza em que mergulharam, da tristeza que é tentar submeter os outros à tristeza - e não conseguir.
                 Como tal eu digo-te meu amigo: não deixes o topo em que te abancaste. Mantém-te nessa poltrona que te abençoa, nessa cadeira almofadada da qual nunca cairás, desse felizardo posto que te apadrinhou como cria perdida. Cresce e sê a fera indomável que toda a restante cadeia alimentar receia de morte; não pelo ato da temeridade, mas pelo ato do intocável, do imune. Sê isento, camuflado dessas barbaridades que te apregoam esses pequenitos, esses fracos fracassados. Dilata a fé do teu ânus, o peido supremo do animal feroz que és sobre todos os que te aborrecem.
                 Já bem, bem no topo, aplica-te e sê feliz.

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