terça-feira, 13 de março de 2012

Irremediável Sonho Matinal

E se o sonho que me acompanha
se transfigura, se transforma,
ganha altura, fuzila aranha,
ganha verdura, uniforme forma?
Já não serei eu o mesmo reflexo em que me vejo?
Onde está o olhar, a corrida, o sublime beijo?
No meu mundo em escala de cinzento,
ainda tudo é apaticamente violento.
Onde ficou o compromisso de olhar, ver,
ver além mar, ver além do feitiço de amar?
Viver iludido, dormir iludido,
para não mais acordar.
E acordar, e não acordar.
Descançar para sempre.
Adormecer para viver.
Para sempre, até sempre.
Viver.

João Dias

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