quinta-feira, 8 de março de 2012

A Minha Quimera

Não há nada tão reconfortante
como escrever para depois apagar.
E mesmo nada tão cambaleante
como criar quimeras e sonhar.
A escrita nunca me define.
Eu próprio defino a escrita.
No papel redijo em linhas quebradas,
descrevo uma musa sem roupas prateadas.
O tempo paralisa, o ar neutraliza.
A cor evapora, a alma vai-se embora.
Tanta contradição. Nada vale a pena,
o exército de incoerência é já uma centena.
Para quê escrever?
Para quê escrever palavras desoprimidas,
se as folhas de papel estão envelhecidas?
Olha e vê. Sente-me o pulso. Estou vivo?
Estou vivo só porque escrevo?
Se escrever é uma condição que me faz viver,
porque se pede o ressuscitar, para quê o jazer?
Perguntas tão densas e profundas,
respostas tão vagas, tão infundas.

Sem comentários:

Enviar um comentário