quinta-feira, 29 de março de 2012

Paraquedas do Titã

Porquê fingir um remédio irreperável?
Porquê respirar o respirado já de si irrefufável?
A tétrica solução já nunca, jamais resentido,
o hino da traiçoeira rasteira locomoção fica partido.
Mil peças montam este titã em forma de corpo,
este titã porco e corpo, que tanto visa ser proco.
Sabem o truque da conveniente detonação,
bem fazem arte ao partir meu coração.
Sabem como me destruir.
Sabem as tramóias todas.
Poem-me a duvidar de mim próprio,
desde o meu brio ao meu precipício.
Colocam uma questão impertinente:
se a força do rio do meu caráter
corre para foz, ou para a nascente?
Se sou eu quem me governo,
ou se é algum estado riscado
para lá do meu subconsciente
claro escuro, vivo e interno.
Larga-me a intelectualidade da mão,
eu publico tudo o que me vem do coração.
Já desconfio de mim.
Será que a queda em que me vou
irá ser aparada pelo paraquedas
que aciono vezes sem conta,
mas que nunca me funcionou?
Encontro-me a 1 metro do defunto soalho,
faço cratera com o desuso do meu cadáver.
Morri de mim, sucumbi ontem.
Sou animal à espera que o montem.

João Dias

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