quarta-feira, 7 de março de 2012

A Raiz da Mutilação


Os cabelos de uma deusa qualquer.
De uma deusa qualquer, tanto se quer.
Não precisas ter qualquer ou algum nome,
basta saberes que és meu síndrome.
Ondulados, amontanhados,
crispados, lisos, sedosos.
Faz de nós singulares apaixonados.
Enamoram, encantam os esposos.
Quero tê-los. Em minha posse.
Quero-os tê-los para mim.
Quero os teus longos cabelos,
numerá-los como meus castelos.
Castelo um, palácio dois?
Bom. Tratarei disso depois.
Coleccioná-los como frota mercante:
existirá algo mais ternamente apaixonante?
Só te quero pelo que tens.
Não te quero além dos teus bens.
Ir da raiz até à ponta,
poder ver o que se encontra.
Quero-te a raiz, sonho ser feliz.


João Dias,


dedico este poema a uma amiga com nome de computador,
suplico-lhe dois mil perdões, pela minha mania de ser colecionador.
Para a Joana Magalhães, uma grande e paciente amiga.

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